Binge-Watching: Arrow/The Flash

!!!Prováveis spoilers!!!

O mundo dos heróis se torna cada dia mais acessível ao público em comum, em termos de ficção voltada para suas histórias. Começando com as séries antigas de Batman e Robin, passando pelos filmes, que entre eles se abarcam X-Men, mais Batman e Super Homem, conforme o mundo evolui, mais se demonstra que o que todos gostariam é que um meteoro ou uma chuva tóxica viesse a trazer poderes aos humanos em geral.

Diante dessa realidade, ou melhor, da ausência dela, a arte vem tentando suprir as necessidades de seus ávidos espectadores. Podemos simplesmente citar Daredevil e a febre que causou desde que saiu a primeira temporada no Netflix. Esse, obviamente, é um sucesso. Mas não quer dizer que estamos “vacinados” contra os fracassos.

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Inicialmente, e agora entro no ponto central do post, comecei a ver Arrow porque fiquei curiosa diante dos vários comentários e chamadas televisivas que via ao longo dos episódios do Arqueiro. E, devo dizer, o marketing dessa série é fantástica, já que seus apelos, pelo menos ao meu ver, foram se tornando cada vez mais irresistíveis.

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Quando The Flash saiu, com a promessa de um crossover de Arrow, eu já me senti ligeiramente incomodada pelo vínculo, principalmente quando ouvi falar que, para quem quer compreender o Universo da DC com uma amplitude maior, é necessário assistir ambas as séries em ordem definida. Mas, até então, tudo bem, afinal, quem não gosta de um crossover?

Depois de ter assistido as duas primeiras temporadas de Arrow, engolindo a seco a facilidade com a qual eles davam fim a problemas cotidianos, como hackear o FBI (thanks, Felicity!), eu gostei do plot da série. Stephen Ammel ajuda, afinal, ele é um incentivo de ponta quando se trata de seduzir alguém pelo seu estilo robô-doçura-from-hell, todo rígido e cuidadoso ao mesmo tempo. Tanto o arco da primeira temporada quanto o da segunda me foram bons o bastante para incitar binge-watching completamente involuntários.

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E, então, entra a terceira temporada de Arrow e a primeira de The Flash.

A primeira impressão que se tem é que os produtores de ambas as séries são imediatistas. Nada lhes escapa à resolução, sendo que as manobras de Felicity nas primeiras temporadas acabam por tornar-se corriqueiras quando adicionamos Catlin e Cisco na equação. Nenhum firewall os impede, qualquer tecnologia é alcançável, o mundo está há algumas digitadas aleatórias de um computador com 17 monitores.

Momento sinceridade: para mim, isso é preguiça.

Não me entendam mal. Como criadora de histórias, também existem vezes nas quais eu simplesmente prefiro tampar o problema com uma resolução rápida para não ter que delongar muito para chegar ao ponto principal. Claro, isso é perfeitamente plausível. Mas não é o que acontece em Arrow/The Flash.

Ali, o que vemos é um completo atropelamento de um meio para chegar a um fim. Só que o resultado é um plot forçado, com falas forçadas. Não posso negar que os atores são fantásticos. Mas isso não quer dizer que eles conseguem neutralizar a automaticidade do enredo. Não estou defendendo o realismo exacerbado, afinal estamos falando de pura ficção, mas, pelo menos, uma ligeira demonstração de dificuldade em termos de procedimento. INVADIR O FBI NÃO É FÁCIL ASSIM!

Na defesa das séries, devo falar que os episódios em que os crossover realmente acontecem são os melhores. A interação é muito boa, cheia de piadinhas internas e ação.

Infelizmente, até isso teve seu desenvolvimento atropelado: ao assistir Arrow S03E22/23 e The Flash S01E22, eu realmente não consegui entender as dinâmicas das timelines. Ao mesmo tempo que o impiedoso Al Sah-Him estava em Nanda Parbat, Oliver Queen escapuliu para Central City a fim de ajudar Barry Allen a derrotar Harrison Wells. Eu precisei passar alguns minutos em fóruns online para entender essa dinâmica e confesso que falhei. Não entendi nada.

Não posso mentir. Gosto de ambas as séries e pretendo continuar a assistir seu desenvolver. Entretanto, meu ponto é simples: esse crossover tem muito a ganhar, se souber como conciliar a fantasia com um toque mínimo de realidade.

Nas próximas semanas, espero conseguir abordar alguns pontos altos e baixos de ambas séries, seja para pura diversão em ter de analisá-los ou para incitar outros a assistirem.

Até a próxima, pessoal.

C.R.